quarta-feira, 22 de abril de 2015

CONHEÇA TUDO SOBRE A PARCERIA AEDES AEGYPT E VÍRUS DA DENGUE

Entra ano e sai ano o brasileiro tem que conviver com a epidemia da Dengue, uma doença que afeta milhares de pessoas em nosso país. Tal doença é fruto de uma parceria de sucesso para os seus integrantes, porém com resultados terríveis para as sua vítimas, Aedes egypti e vírus da dengue, que juntos são o tormento da saúde pública brasileira.

AEDES AEGYPTI

Vamos começar falando do vetor da doença, um mosquito da família Culicidae proveniente de África e atualmente distribuído por quase todo o mundo, o mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado.


A nomenclatura taxonômica dele é Aedes (Stegomyia) aegypti (aēdēs do grego "odioso" e ægypti do latim "do Egipto"). Ele é originário do Egito, sendo que a sua dispersão pelo mundo ocorreu da África: primeiro da costa leste do continente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia. Não se sabe ao certo como ele chegou em nosso país, mas as teorias mais aceitas indicam que o A. aegypti tenha se disseminado da África para o Brasil através de embarcações que aportaram em nossos portos para o tráfico de escravos, e daqui ele se espalhou por praticamente todo o Continente Americano. Há relatos de navios negreiros onde toda a tripulação foi vitimada pela dengue, e os navios ficaram vagando a deriva pelo Oceano Atlântico.

Ele é um mosquito que se encontra ativo e pica preferencialmente nas primeiras horas da manhã e ao entardecer. O Aedes aegypti tem como vítima preferencial o homem e não faz praticamente nenhum som audível antes de picar. Mede menos de 1 centímetro; é preto com manchas brancas no corpo e nas pernas.

O seu controle é difícil, por ser muito versátil na escolha dos criadouros onde deposita seus ovos, que são extremamente resistentes, podendo sobreviver vários meses até que a chegada de água propicie a incubação. Uma vez imersos, os ovos desenvolvem-se rapidamente em larvas, que dão origem às pupas, das quais surge o adulto. Como em quase todos os outros mosquitos, somente as fêmeas se alimentam de sangue para a maturação de seus ovos; os machos se alimentam apenas de substâncias vegetais e açucaradas.


Fêmeas do mosquito Aedes aegypti têm maior atividade locomotora quando estão infectadas pelo vírus da dengue. Em comparação com fêmeas não infectadas, elas apresentaram aumento que varia de 10% a 50% na atividade. A mudança de comportamento pode estar relacionada ao relógio circadiano, como é chamado o mecanismo interno que controla os ritmos biológicos com período de aproximadamente 24 horas.

No início do século 20, a identificação do A. aegypti como transmissor da febre amarela urbana impulsionou a execução de rígidas medidas de controle que levaram, em 1955, à erradicação do mosquito no país. Em 1958, o país foi considerado livre do vetor pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a erradicação não recobriu a totalidade do continente americano e o vetor permaneceu em áreas como Venezuela, sul dos Estados Unidos, Guianas e Suriname, além de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba.

A hipótese mais provável para explicar a reintrodução do mosquito no Brasil é a chamada dispersão passiva dos vetores, através de deslocamentos humanos marítimos ou terrestres, dinâmica facilitada pela grande resistência do ovo do vetor ao ressecamento. No Brasil, o relaxamento das medidas de controle após a erradicação do A. aegypti permitiu sua reintrodução no país no final da década de 1960. Hoje o mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros.


É fundamental conscientizar as pessoas de que combater o mosquito da dengue, além de responsabilidade dos órgãos governamentais que deveriam encarregar-se do saneamento básico, abastecimento de água e de campanhas educativas permanentes, requer empenho de toda a sociedade, uma vez que o Aedes aegypti pode encontrar, em cada moradia e arredores, ambiente propício para sua proliferação. Desse modo, algumas medidas elementares podem ser tomadas individual e coletivamente para auxiliar na sua erradicação, como: eliminar qualquer reservatório de água sem utilidade, como colocar areia na vasilha que serve de base para vasos de plantas, e lavar pelo menos uma vez por semana aqueles vasos onde a planta fica em contato direto com a água; não deixar pneus em locais onde tenham contato com a água da chuva; tampar e lavar periodicamente as caixas d`água; manter o nível de cloro das piscinas sempre adequados; guardar garrafas vazias de cabeça para baixo e em local onde elas não tenham contato com a chuva e jogar as tampinhas no lixo; lavar periodicamente os bebedouros de animais; nos casos das plantas que armazenam água entre suas folhas, em especial as bromélias, deve-se uma vez por semana regá-las com uma solução de 1 litro de água misturada com uma colher de água sanitária; manter os quintais limpos e os sacos de lixos sempre amarrados.

VÍRUS DA DENGUE

A origem do Vírus da Dengue é muito debatida, porém a teoria mais aceita diz que a sua origem se deu em primatas não humanos nas proximidades da península da Malásia. O crescimento populacional aproximou as habitações da região à selva e, assim, mosquitos transmitiram vírus ancestrais de primatas a humanos que, após mutações, originaram os quatro diferentes tipos de vírus da dengue atuais.


O vírus da dengue (DENV) pertence a família Flaviviridae; gênero Flavivirus. Entre outros membros do mesmo gênero estão os vírus da febre amarela, da febre do Nilo Ocidental, da encefalite de São Luís, encefalite japonesa, da encefalite transmitida por carrapatos, da doença da floresta de Kyasanur e da febre hemorrágica de Omsk. A maioria deles são transmitidos por artrópodes (mosquitos ou carrapatos) e, portanto, também são conhecidos como arbovírus.

O genoma (material genético) do vírus da dengue contém cerca de 11 000 bases de nucleotídeos, que codificam três tipos diferentes de moléculas de proteínas (C, prM e E) que formam a partícula viral e sete outros tipos de moléculas de proteína (NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4B e NS5) que apenas são encontradas em células hospedeiras infectadas e são necessárias para a replicação do vírus.

Existem quatro cepas do vírus, que são chamadas de serotipos, as quais são referidas como DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. As distinções entre os serotipos baseia-se na sua antigenicidade.

A PARCERIA LETAL

É preciso esclarecer que o Aedes aegypti nem sempre é o vilão da história, pois nem todos transmitem a doença, porque nem todos estão infectados com o vírus da dengue. Para que a transmissão da doença aconteça, é preciso que o vetor esteja infectado e infectivo, o que são coisas diferentes.


O mosquito fêmea se torna infectado quando suga o sangue de alguém doente, no curto período em que esta pessoa tem várias partículas do vírus circulando em seu sangue. Neste momento o mosquito terá o vírus em seu “estômago”, mas ainda não é capaz de transmiti-lo. Entre 10 e 12 dias depois, as partículas do vírus dengue se disseminam pelo organismo do A. aegypti, se multiplicam e invadem suas glândulas salivares: neste momento, o mosquito fêmea se torna infectivo e, somente a partir daí, poderá transmitir o vírus a outra pessoa.

Ao mesmo tempo em que pica para sugar o sangue, o Aedes cospe saliva, que tem uma série de substâncias analgésicas e anticoagulantes, que o ajudam a não ser notado e a conseguir sugar o maior volume possível de sangue. Neste processo, as partículas de vírus são injetadas na corrente sanguínea da pessoa, junto com a saliva do mosquito.

Na prática, um percentual muito pequeno de A. aegypti está infectado com o vírus dengue. Em primeiro lugar porque nem todas as fêmeas picam uma pessoa com o vírus dengue. Em segundo lugar, porque nem todos os mosquitos que picam alguém com o vírus dengue conseguem sobreviver até o momento em que se tornam infectivos e podem, então, começar a transmitir a doença.

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