quinta-feira, 9 de abril de 2015

O GRANDE E ABSURDO ABISMO ENTRE CIÊNCIA E FÉ



Ciência e fé é sempre um debate bastante polêmico. Algumas pessoas sempre tendem a se colocarem em cada um dos extremos, e nada nem ninguém é capaz de fazê-las refletir o mínimo que seja. 


Como professor de biologia já me deparei com perguntas do tipo: já que você acredita na evolução, então me explica por que os macacos não se transformam em humanos, já que viemos deles? Ou: como pode você ser evolucionista e cristão ao mesmo tempo?
 
Um dos grandes problemas  é que tanto as pessoas que frequentam os cultos e as missas, como aqueles que se dizem ateus são igualmente influenciados pelo que os religiosos dizem. Os crentes acreditam em Deus devido a pregação, e os ateus não acreditam devido também a pregação.
 
As pessoas precisam entender que Deus não pertence a nenhuma religião ou a nenhum livro que queiram que você leia. Crer em Deus transcende as paredes de tijolos dos templos e as várias doutrinas que insistem em nos mostrar um ser supremo cheio de vaidades, que mata os seus filhos por não o adorarem.
 
A CIÊNCIA E A FÉ

Nos primórdios da humanidade a ciência e a fé caminhavam lado a lado, já que os cientistas antigos procuravam Deus tentando entender e desvendar os mistérios da natureza. Com o passar do tempo, e o surgimento da Igreja Católica, a ciência virou um monopólio de tal instituição religiosa. Seus dógmas não podiam ser colocados à prova, e qualquer cientista que ousasse contestar a “ciência católica” poderia ser condenado a morte.

A partir do surgimento do renascimento, a ciência começou a se desvencilhar de vez da religião, havendo rompimentos com a Teologia Católica e nascendo assim o Iluminismo. No século XIX a ciência se libertou totalmente do fundamentalismo cristão, e assim pode se desenvolver plenamente, surgindo uma infinidade de cientistas que, rancorosos pelo autoritarismo da Igreja, começaram a pregar a não existência de Deus.
 
GALILEU GALILEI

Penso que o momento mais marcante da ruptura entre ciência e fé tenha sido o julgamento e condenação do astrônomo italiano Galilei Galilei, um cristão fervoroso que foi condenado e subjugado pela sua própria igreja. 

O gigante cientista da humanidade, após aperfeiçoar o telescópio, começou a observar o infinito, e assim ele concluiu que várias teorias da igreja estavam erradas, como a que dizia que tudo que existia fora do nosso planeta era plano e liso; Galileu descobriu várias montanhas na lua. Além disso, e mais crítica ainda, eram as provas que ele tinha de que a Terra não era o centro do universo, ela girava em torno do sol.

Galileu Galilei
 
Pesando a seu favor estava o fato de que o Papa Urbano VIII era um profundo admirador da ciência, e incentivou Galileu a escrever  um livro explicando as duas teorias, a de que  a Terra era o centro do universo e a de que ela girava em torno do sol. Assim surgiu o livro Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo, um diálogo entre três personagens: Salviati (que defende o heliocentrismo), Simplício (que defende o geocentrismo, se mostrando meio ignorante em relação à astronomia), e Sagredo (um personagem neutro, mas que termina por concordar com Salviati).
 
O Papa foi convencido de que o personagem Simplício o representava, e assim, o Sumo Pontífice retirou o seu apoio a Galileu, e ele foi julgado pelo Tribunal da Inquisição, onde ele teve que renegar todo o seu estudo, todas as sua provas científicas, para que ao invés de ser condenado a morte a pena fosse comutata a prisão perpétua domiciliar. Dizem que após a sua fala, onde ele foi obrigado a reconhecer que estava errado, Galileu murmurou: “mas ela se move”. 

HÁ ESPAÇO PARA A CIÊNCIA E A FÉ CAMINHAREM JUNTAS?

Na bíblia há um exemplo bastante claro onde a ciência e a fé podem caminhar lado a lado. Se analisarmos a história dos três reis magos entenderemos melhor. Se eles existiram realmente nós ainda não sabemos, porém, se você visitar a catedral de Colônia, na Alemanha, será informado de que ali repousam os restos dos reis. De acordo com uma tradição medieval, os magos teriam se reencontrado quase 50 anos depois do primeiro Natal, em Sewa, uma cidade da Turquia, onde viriam a falecer. Mais tarde seus corpos teriam sido levados para Milão, na Itália, onde permaneceram até o século 12, quando o imperador germânico Frederico dominou a cidade e trasladou as urnas mortuárias para Colônia.

No Evangelho de Mateus, nos 12 versículos em que o assunto é abordado, a narrativa nos conta que eles seguiram a estrela de Belém até o local do nascimento do homem que mudaria profundamente os rumos da humanidade, Jesus Cristo. Os reis magos eram, na verdade, líderes religiosos e astrônomos. Foi através das suas observações do céu que eles conseguiram determinar a trajetória da estrela, que na verdade era um cometa, e assim, conseguiram chegar ao local do nascimento. Esta aí, um belo exemplo da ciência levando os homens até o Divino.

Os três reis magos


Um outro ponto crítico é o que diz respeito a criação do universo, da Terra e o surgimento da vida em nosso planeta. A religião é defensora do Criacionismo, teoria que diz que todos os seres vivos surgiram independente uns dos outros e da forma como os conhecemos hoje. Para tal é usado o que está escrito na Gênesis, livro que compõe a Bíblia. Já a ciência diz que tudo teve origem em uma explosão chamada Big Bang, e que depois de bilhões de anos as formas de vida foram evoluindo uma das outras. Mas mesmo diante de tal “disputa”, se abandonarmos os preconceitos e o radicalismo podemos desfazer tal entrave. Vou demonstrar:

Religião - No princípio Deus criou o céu e a Terra, assim como a luz, e fez a separação entre a luz e as trevas. (1º dia). Deus criou uma expansão no meio das águas, e fez a separação entre as águas. (2º dia). Deus juntou as água em um só lugar, surgindo a parte seca. Após isso Deus fez com que germinassem as plantas. (3º dia). Deus criou o sol e a lua e os colocou no céu. (4º dia). Deus criou nas águas as primeiras formas de vida, e povoou o céus com aves. (5º dia). Por fim Deus criou uma infinidade de seres vivos na face do planeta, e, posteriormente, criou o homem a sua imagem e semelhança. (6º dia).

Ciência - Depois do Big Bang houve o surgimento do universo (céu), e após 7 bilhões de anos surgiu a Terra. Depois da estabilização da nossa atmosfera os raios de sol começaram a irradiar o calor e a luz assim como os conhecemos. Assim, o dia e a noite tiveram uma clara definição. (1º dia). Com o surgimento da água na superfície do planeta teve origem um imenso continente chamado Pangéia. (2º dia). Com o tempo, através dos movimentos das placas tectônicas, o imenso continente começou a se separar, dando origem aos continentes que conhecemos hoje. Após a vida ter surgido nos oceanos, as plantas foram os primeiros seres vivos a colonizar a parte terrestre do planeta. (3º dia). Após a colonização da terra pelas plantas, e a liberação de oxigênio, houve a completa estabilização da atmosfera, sendo possível, enfim, observar, caso houvesse alguém aqui na época, as estrelas, o sol e a lua assim como observamos hoje. (4º dia). Foi nas águas que teve origem a evolução, sendo as espécies marinhas as primeiras a se desenvolverem plenamente. Com o passar do tempo algumas dessas espécies migraram para a terra firme. (5º dia). Após a migração de algumas espécies marinhas para a terra houve uma explosão de novas formas de vida, que foram tendo origem através de inúmeros processos evolutivos. Só depois, a muito pouco tempo, cerca de 200 mil anos, é que surgiu o homem no planeta. (6º dia).

Pois bem meus amigos, vocês conseguiram perceber que ambas as teorias são muito parecidas, em alguns momento idênticas, porém escritas de uma maneira diferente? Fica claro que aqueles homens que escreveram A Gênesis a milhares de anos tiveram uma revelação de como tudo aconteceu, porém tal revelação foi dada a eles de uma maneira que eles pudessem entender na época, e eles a escreveram como a entendiam. O problema é que muitos religiosos ainda enxergam o mundo através dos olhos daqueles homens que viveram há milhares de anos. Muito provavelmente 1 dia descrito na Gênesis quer dizer milhares ou milhões de anos.

Sendo assim, eu posso dizer que há espaço na vida de uma pessoa para a ciência e a fé, desde que haja uma libertação de todos os preconceitos, pois é errado ler um artigo científico e começar a deixar a fé de lado, ou ler alguma passagem da bíblia e começar a desacreditar a ciência. Eu acredito na ciência, na evolução das espécies e tudo mais, porém, isso não me faz deixar de ter a minha fé em Deus que, para mim, é o criador da vida, pois acho meio improvável que as condições favoráveis a ela tenham surgido em nosso pequeno planeta devido a algum evento cósmico aleatório.

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