Tempos atrás eu escrevi um post
sobre a homossexualidade sob a ótica da ciência. Fiquei muito feliz na época,
pois foi uma postagem com mais de 3.000 visualizações e, nos mais de 100
comentários tivemos a oportunidade de debater de forma bastante produtiva.
O grande problema que vejo é que
ainda temos que debater sobre a homossexualidade. Vejo como um problema porque,
na minha humilde opinião, isso de ficar questionando se é certo ou errado me
parece coisa de país não desenvolvido como o nosso. O Brasil é o maior país
católico do mundo, e por aqui há uma imensa proliferação de igrejas
evangélicas, que, com todo respeito, com essa visão quase medieval, se esquecem
de olhar para o futuro, e continuam a rotular o homossexual como uma aberração.
Antes de entrar no mérito da
questão gostaria de fazer um comentário aqui. Não é possível que pessoas usem a
ciência de maneira totalmente equivocada para embasar as suas crenças. Muita
gente teve a oportunidade de ver na TV a reportagem do pastor Silas Malafaia no
programa da jornalista Marília Gabriela. Pois é, tal pastor usa a ciência para
dizer que a homossexualidade é apenas comportamental, ou provocada por algum
trauma de infância. Para isso ele diz se embasar em estudos genéticos, pois a
ciência não tem nenhuma evidência da existência de um gene que causaria a
homossexualidade. Por outro lado, como ele é um defensor do criacionismo, ele
diz que a Teoria da Evolução é apenas um teoria devido ao fato dela não poder
ser observada na prática. Ora, sendo assim devemos esquecer todos os estudos da
paleontologia, devemos desconsiderar todos os fósseis, estudos genético e
moleculares que provam a ocorrência da Evolução das Espécies. Usar a ciência
sem nenhuma responsabilidade é muito perigoso e antiético, ainda mais vindo de um
psicólogo como ele.
A PESSOA JÁ NASCE
HOMOSSEXUAL?
Bem, estamos diante de um
mistério para a ciência. O tal gene homossexual nunca foi encontrado, mas
alguns cientistas não desistem de encontrar uma causa biológica. No século 19,
psiquiatras concluíram que a homossexualidade era um transtorno mental causado
por equívocos na criação da criança, e essa ideia reinou na maior parte do
século 20. Sendo assim seria possível evitar e até reverter quadros
homossexuais. Ao perceber o fracasso total das terapias de “cura”, em 1973, a
Associação Psiquiátrica Americana achou melhor retirar da sua lista de
distúrbios mentais a atração sexual por pessoas do mesmo sexo. Foi quando o
termo mudou de nome: homossexualismo deu lugar a homossexualidade.
Em 1991 surgiu a primeira teoria
sobre uma possível causa biológica, o hipotálamo menor. O neurocientista Simon
LeVay descobriu que essa zona-chave da sexualidade no cérebro era entre 2 e 3
vezes menor nos gays. Porém o estudo esbarrou em várias críticas, pois a
pesquisa se deu em cadáveres de homossexuais que morreram em decorrência da
AIDS, e o tamanho reduzido do hipotálamo poderia ser causado pela doença. Mesmo
que não fosse seria impossível determinar que essa seria a causa da preferência
pelo mesmo sexo.
Hoje em dia uma pesquisa bastante
adiantada é a que trata dos marcadores epigenéticos (MEs), vou explicar. Os MEs
são como “nuvens de proteínas” que tem como função ligar e desligar certos
genes. Pensem que cada célula do nosso corpo possuem os mesmo genes, por
exemplo, as células do pâncreas possuem os genes responsáveis pela produção de
insulina, porém as células do coração também os possui, então tais genes são
ativados nas células do pâncreas pelos MEs para que elas produzam insulina, e
desativadas nas células do coração também pelo MEs para que essas não produzam.
Assim, a ação dos MEs passa a ser quase tão importante quanto as dos próprios
genes.
Até pouco tempo atrás
acreditava-se que os Mes não eram passados de pais para filhos, mas hoje
sabe-se que em alguns casos eles são sim repassados aos descendentes, o que
pode ser um problema, vejamos um deles: em situações de fome intensa, por
exemplo, os MEs podem ativar genes que potencializem o aproveitamento da pouca
comida que é ingerida. Se esses MEs passam para o filho, os genes deste também
serão ativados de forma que uma dieta normal poderá gerar um quadro de
obesidade (no filho), já que os genes ativados pelos MEs paternos continuarão
passando a instrução de aproveitar ao máximo cada grama de alimento ingerido.
Tal processo poderia estar ligado
a preferência sexual. O embrião cria MEs que o protege de possíveis variações
dos níveis de testosterona da mãe, já que altos níveis de testosterona durante
a gravidez podem masculinizar embriões femininos, e baixos níveis de
testosterona feminizar embriões masculinos. Sendo assim, se MEs do pai ou da
mãe fossem transferidos ao embrião em formação, os paternos “masculinizantes”
seriam ativados na filha, ou no caso oposto, os da mãe ativariam no filho genes
feminizantes.
HOMOSSEXUALIDADE NA
NATUREZA
Sempre
ouvimos que a homossexualidade existe desde que o homem surgiu na Terra, mas
ela pode ter surgido bem antes disso, já que inúmeras espécies de animais
“praticam” a homossexualidade, como os Albatrozes de Laysan, Golfinhos
nariz-de-garrafa, Bonobos, Galo-da-serra peruano, Leões africanos, Pinguins,
Girafas, Libélulas, entre outras.
Vamos
nos concentrar em um dos exemplos, os Golfinhos nariz-de-garrafa, que estão
entre os animais mais inteligentes da natureza, com capacidades cognitivas e
sociais comparáveis aos chipanzés e humanos.
Já foram
identificadas várias relações homossexuais e bissexuais na sociedade destes
animais, sendo que em um dos casos um casal de golfinhos homossexual manteve um
relacionamento por inacreditáveis 17 anos. Para os cientistas, tais relacionamentos
servem para manter o grupo unido e evitar conflitos internos.
Os
golfinhos não “pensam” assim: acho que vou ter uma relação homossexual com
aquele outro golfinho para que ele não brigue comigo. Tal comportamento se
trata de um extinto de sobrevivência, pois o grupo unido é capaz de se defender
de possíveis predadores. Todos nós sabemos que os instintos são passados dos
pais para os filhos, cada extinto de cada espécies está em seus genes, portanto
essa é mais uma evidência de uma causa biológica da homossexualidade.
De
qualquer forma penso que o caráter da pessoa é muito mais importante do que a
preferência sexual. Acho muito injusto dizer que o homossexual é uma pessoa
pecadora, pois imaginem um garoto que nasceu homossexual, com seus 4 ou 5 anos
de idade, que possui trejeitos femininos, na sua mais pura inocência, poderia
ser condenado ao fogo eterno? O homossexual tem que entender que Deus não tem
nada haver com esse discúrso ridículo, ele te ama sim, e para ele o que conta é
o ser humano que você é, e não se você se relaciona com alguém do mesmo
sexo.
O
homossexual é um ser humano como outro qualquer, com direitos e deveres,
qualidades e defeitos, amores e dissabores, que merecem a felicidade e
sobretudo o respeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem vindo para deixar a sua contribuição. Porém, me reservo ao direito de não publicar comentários ofensivos a mim ou a qualquer visitante do blog.