Vamos falar hoje
sobre serpentes, especificamente a Cobra Coral, uma das mais belas do Brasil.
Essa serpente pertence à família Elapidae (a mesma da serpente Naja), sendo
compreendidas 64 espécies divididas em 3 gêneros: Micrurus (57 espécies),
Leptomicrurus (3 espécies) e Micruroides (1 espécie).
No Brasil existem nada
menos do que dezenove espécies em vinte e oito formas (futuramente farei um
post mostrando cada uma das espécies e subespécies brasileiras).
As corais podem ser
vistas em todas as regiões do Brasil, habitando em matas fechadas e úmidas até
descampados e pradarias, porém o maior número de espécies habita a região
amazônica. A maioria das espécies são semi-fossoriais, vivendo em meio ao
folhiço, embaixo de cascas de árvore, troncos, cupinzeiros, etc. As
Micrurus são serpentes de dentição proteróglifa. Na parte posterior do maxilar
superior existem duas presas maiores, com sulcos, para conduzir o veneno para
dentro da mordedura.
A sintomatologia de
acidentes Elapídicos é formado por fenômenos locais quase ausentes, dor,
erupção escarlatiniforme e ínguas, perturbações da visão, queda de pálpebras,
cansaço muscular, salivação abundante e diarréia, isso devido ao seu veneno
possuir baixo peso molecular, que se espalha pelo organismo da vítima de forma
muito rápida. Os acidentes terminam frequentemente com a morte, desde que a
coral tenha inoculado quantidade elevada de peçonha. Essa serpente representa
1% dos acidentes ofídicos no Brasil, mas seu veneno é extremamente tóxico, que
geralmente ocasiona quadros clínicos de IRA (Insuficiência Renal Aguda).
DIFERENÇAS ENTRE A CORAL VERDADEIRA E A FALSA
CORAL
Para fazermos à
comparação tomaremos como exemplo a (Micrurus corallinus), uma coral verdadeira
presente em todo o sudeste brasileiro.
Antes de mais nada
temos que saber que a falsa coral (Oxyrhopus guibei) é uma serpente que não
apresenta parentescos com a verdadeira coral, sendo de espécie, gênero e
família diferentes.
Vamos listar aqui 3
diferenças básicas, as que são mais usadas para diferenciá-las. A primeira
diferença a pessoa só saberá após o acidente: a coral verdadeira é venenosa,
podendo causar a morte, já a falsa coral não é capaz de inocular veneno, no
local da picada há vermelhidão e dor, mas sem maiores riscos.
A segunda e mais
marcante diferença está na sequência de anéis. Na coral verdadeira a cor
vermelha não se encontra com a cor preta, tendo sempre um anel branco ou
amarelo (dependendo da espécie) entre as duas cores, como na imagem abaixo:
Na falsa coral a cor
vermelha se encontra com a cor preta, como na imagem abaixo:
A disposição das
cores dos anéis são a maneira mais comentada de diferenciar uma coral
verdadeira de uma falsa coral, mas essa técnica não é 100% eficaz, e vou dizer
os motivos.
As espécies
conhecidas de corais verdadeiras não possuem os mesmos padrões de cor e várias
delas podem apresentar a sequência vermelho e preto. Além disso, o potencial
genético desses animais permite o surgimento de novas espécies e subespécies,
ou seja, mesmo considerando todo o catálogo de serpentes, ainda existe o que
desconhecemos. Isso quer dizer que pode ser que através de mutações genéticas
podem surgir corais verdadeiras com padrões de cores totalmente diferentes, e
provavelmente tais serpentes ainda não foram catalogadas.
Chegamos então à
conclusão que a única maneira eficiente de diferenciá-las é através da análise
da sua dentição. As corais verdadeiras (assim como todas as serpentes que
representam a família Elapidae) possuem dentição proteróglifa, ou seja, são
dotadas de pequenos e fortes dentes não retráteis, localizados na parte frontal
do maxilar superior. Com isso, a coral não pica seus oponentes como fazem as
serpentes da família Viperidae (Jararacas e Cascavéis), mas os morde deixando a
peçonha escorrer para dentro da incisão.
A diferenciação,
portanto, só deve ser feita por pessoas treinadas, já que a única maneira de
diferenciá-las com 100% de certeza é através da dentição, e para isso é preciso
manejar o animal, o que pode ocasionar enormes riscos a pessoas sem o devido
preparo para fazê-lo.
VERIFICAÇÕES IMPORTANTES
As diferenças acima
citadas só poderão ser analisadas em uma cobra morta, pois na hora em que a
pessoa se depara com a mesma, a última coisa que ela vai pensar será em
analisar diferenças, certamente a pessoa vai pensar ou em fugir ou em matar o
bicho. Porém uma das diferenças fundamentais pode ser analisadas justamente
nesse momento. A cobra coral verdadeira,quando se sente ameaçada se enrola e se
prepara para o ataque, já a falsa, justamente por não ter como se
defender, foge.
Tudo poderá ser
facilmente verificado, se tivermos um animal morto ou imobilizado que poderá
ser examinado com calma e minuciosamente. Na prática, quando ocorrem os
acidentes, a situação é outra, e o ideal é se afastar do animal.
A observação dessas
diferenças só se faz necessária quando não se tem outra alternativa, porque independente
da circunstância o melhor a se fazer é evitar o contato com a cobra, seja ela
verdadeira ou falsa.
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