quinta-feira, 16 de abril de 2015

DIFERENCIANDO A CORAL VERDADEIRA DA FALSA CORAL



Vamos falar hoje sobre serpentes, especificamente a Cobra Coral, uma das mais belas do Brasil. Essa serpente pertence à família Elapidae (a mesma da serpente Naja), sendo compreendidas 64 espécies divididas em 3 gêneros: Micrurus (57 espécies), Leptomicrurus (3 espécies) e Micruroides (1 espécie). 



No Brasil existem nada menos do que dezenove espécies em vinte e oito formas (futuramente farei um post mostrando cada uma das espécies e subespécies brasileiras).

As corais podem ser vistas em todas as regiões do Brasil, habitando em matas fechadas e úmidas até descampados e pradarias, porém o maior número de espécies habita a região amazônica. A maioria das espécies são semi-fossoriais, vivendo em meio ao folhiço, embaixo de cascas de árvore, troncos, cupinzeiros, etc. As Micrurus são serpentes de dentição proteróglifa. Na parte posterior do maxilar superior existem duas presas maiores, com sulcos, para conduzir o veneno para dentro da mordedura.

A sintomatologia de acidentes Elapídicos é formado por fenômenos locais quase ausentes, dor, erupção escarlatiniforme e ínguas, perturbações da visão, queda de pálpebras, cansaço muscular, salivação abundante e diarréia, isso devido ao seu veneno possuir baixo peso molecular, que se espalha pelo organismo da vítima de forma muito rápida. Os acidentes terminam frequentemente com a morte, desde que a coral tenha inoculado quantidade elevada de peçonha. Essa serpente representa 1% dos acidentes ofídicos no Brasil, mas seu veneno é extremamente tóxico, que geralmente ocasiona quadros clínicos de IRA (Insuficiência Renal Aguda).

DIFERENÇAS ENTRE A CORAL VERDADEIRA E A FALSA CORAL
 
Para fazermos à comparação tomaremos como exemplo a (Micrurus corallinus), uma coral verdadeira presente em todo o sudeste brasileiro.


Antes de mais nada temos que saber que a falsa coral (Oxyrhopus guibei) é uma serpente que não apresenta parentescos com a verdadeira coral, sendo de espécie, gênero e família diferentes.



Vamos listar aqui 3 diferenças básicas, as que são mais usadas para diferenciá-las. A primeira diferença a pessoa só saberá após o acidente: a coral verdadeira é venenosa, podendo causar a morte, já a falsa coral não é capaz de inocular veneno, no local da picada há vermelhidão e dor, mas sem maiores riscos. 

A segunda e mais marcante diferença está na sequência de anéis. Na coral verdadeira a cor vermelha não se encontra com a cor preta, tendo sempre um anel branco ou amarelo (dependendo da espécie) entre as duas cores, como na imagem abaixo:



Na falsa coral a cor vermelha se encontra com a cor preta, como na imagem abaixo:



OS ANÉIS REALMENTE PODEM DIFERENCIÁ-LAS?

A disposição das cores dos anéis são a maneira mais comentada de diferenciar uma coral verdadeira de uma falsa coral, mas essa técnica não é 100% eficaz, e vou dizer os motivos.

As espécies conhecidas de corais verdadeiras não possuem os mesmos padrões de cor e várias delas podem apresentar a sequência vermelho e preto. Além disso, o potencial genético desses animais permite o surgimento de novas espécies e subespécies, ou seja, mesmo considerando todo o catálogo de serpentes, ainda existe o que desconhecemos. Isso quer dizer que pode ser que através de mutações genéticas podem surgir corais verdadeiras com padrões de cores totalmente diferentes, e provavelmente tais serpentes ainda não foram catalogadas.

Chegamos então à conclusão que a única maneira eficiente de diferenciá-las é através da análise da sua dentição. As corais verdadeiras (assim como todas as serpentes que representam a família Elapidae) possuem dentição proteróglifa, ou seja, são dotadas de pequenos e fortes dentes não retráteis, localizados na parte frontal do maxilar superior. Com isso, a coral não pica seus oponentes como fazem as serpentes da família Viperidae (Jararacas e Cascavéis), mas os morde deixando a peçonha escorrer para dentro da incisão.



A diferenciação, portanto, só deve ser feita por pessoas treinadas, já que a única maneira de diferenciá-las com 100% de certeza é através da dentição, e para isso é preciso manejar o animal, o que pode ocasionar enormes riscos a pessoas sem o devido preparo para fazê-lo.
VERIFICAÇÕES IMPORTANTES
As diferenças acima citadas só poderão ser analisadas em uma cobra morta, pois na hora em que a pessoa se depara com a mesma, a última coisa que ela vai pensar será em analisar diferenças, certamente a pessoa vai pensar ou em fugir ou em matar o bicho. Porém uma das diferenças fundamentais pode ser analisadas justamente nesse momento. A cobra coral verdadeira,quando se sente ameaçada se enrola e se prepara para o ataque, já a falsa, justamente por não ter como se defender, foge.

Tudo poderá ser facilmente verificado, se tivermos um animal morto ou imobilizado que poderá ser examinado com calma e minuciosamente. Na prática, quando ocorrem os acidentes, a situação é outra, e o ideal é se afastar do animal.
 
A observação dessas diferenças só se faz necessária quando não se tem outra alternativa, porque independente da circunstância o melhor a se fazer é evitar o contato com a cobra, seja ela verdadeira ou falsa.

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