domingo, 5 de abril de 2015

SIM, OS DRAGÕES EXISTEM


Eles existem sim, e são animais magníficos. O Dragão-de-Komodo, também conhecido como Crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis),é uma espécie de lagarto pertencente à família de lagartos-monitoresVaranidae, e é a maior espécie de lagarto conhecida pela ciência, chegando a atingir de 2 a 3 metros de comprimento e 100 kg. Eles são encontrados na Indonésia, mais precisamente nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang, Gili Dasami e Flores, sendo chamado pelos nativos de buaya darat (crocodilo da terra) ou biawak raksasa(monitor gigante).

EVOLUÇÃO E DESCOBERTA

Os processos evolutivos que deram origem ao Dragão-de-Komodo começaram há cerca de 40 milhões de anos na Ásia, de onde eles migraram para a Austrália. Há 15 milhões de anos houve uma segunda migração, dessa vez para a Indonésia, e após a diminuição no nível dos oceanos eles ficaram isolados nas ilhas em que vivem hoje, sendo que a diferenciação dos seus ancestrais australianos ocorreu há cerca de 4 milhões de anos.

Os primeiros exemplares foram descritos primeiramente em 1910, quando rumores de um "crocodilo terrestre" chegaram ao Tenente Van Hensbroek, da administração colonial holandesa. Em 1912 foi publicado o primeiro artigo sobre a espécie, quando Peter Ouwens, diretor do Museu Zoológico em Bogor, Java, escreveu sobre o tema depois de receber uma foto e uma pele enviada pelo tenente, juntamente com mais dois espécimes de um colecionador. Em 1926 foi organizada a primeira expedição para estudar o Dragão-de-Komodo, e em 1969 ocorreu a maior expedição do tipo, organizada pela família Auggenberg, que ficou na Ilha de Komodo durante 11 meses. Durante esta estadia, Walter Auffenberg e a sua assistente Putra Sastrawan capturaram e marcaram mais de 50 dragões.
 
CARACTERÍSTICAS

Bastante robusto, o Dragão-de-Komodo pode medir até 3 metros de comprimento e pesar até 100 kg. O enorme tamanho se deve a um processo chamado gigantismo insular, que ocorre quando não há outros animais carnívoros para preencher o nicho ecológico.


Cada uma das quatro patas do dragão-de-komodo possui cinco garras, que na idade adulta servem, principalmente, como armas para caçar. Ele usa a sua língua para detectar estímulos de sabor e cheiro, tal como em muitos outros répteis, com o sentido vomeronasal usando o órgão de Jacobson, um sentido que ajuda a navegação no escuro.
 
As narinas do dragão não são úteis para cheirar, pois estes animais não têm diafragma. Apresentam apenas algumas papilas gustativas na parte de trás da sua garganta. As escamas, algumas reforçadas com osso, têm placas sensoriais ligadas a nervos que facilitam o sentido do tato. As escamas à volta das orelhas, lábios, queixo e das solas dos pés podem ter três ou mais placas sensoriais.
 
O dragão-de-komodo não possui um sentido de audição particularmente apurado, apesar do canal auditivo ser bem visível, e é só capaz de ouvir sons entre os 400 e os 2000 hertz. Ele é capaz de enxergar a até 300 metros, mas acredita-se que tenham má visão noturna. O dragão  é capaz de ver a cores, mas tem pouca discriminação visual de objetos estacionários.
 
O dragão-de-komodo prefere lugares quentes e secos e tipicamente vive em zonas de pastos abertos, savanas e florestas tropicais em elevações baixas. Sendo um animal ectotérmico, está mais ativo durante o dia, apesar de exibir alguma atividade noturna.
 
São capazes de correr rapidamente em curtos disparos, até 20 km por hora, mergulhar até 4,5 metros e subir em árvores enquanto jovens usando as suas garras.


Para se abrigar, o Dragão-de-Komodo cava buracos no solo que podem medir de 1 a 3 metros de largura.Devido ao seu grande tamanho e hábito de dormir nestas covas, ele é capaz de conservar o calor corporal durante a noite diminuindo o tempo que precisam estar ao sol para manter a temperatura corporal no dia seguinte.
 
REPRODUÇÃO
 
A época de reprodução começa entre maio e agosto, e os ovos são postos em setembro. Cerca de vinte ovos são depositados em ninhos de Megapodiidae abandonados e ficam a incubar durante sete a oito meses, e a eclosão ocorre em abril, quando há abundância de insetos. Demoram cerca de três a cinco anos até chegarem à idade de reprodução, e podem viver 50 anos. São capazes de se reproduzir por partenogênese, no qual ovos viáveis são postos sem serem fertilizados por machos. Ao nascer, os pequenos dragões têm de 20 a 25 cm.

Durante o período da reprodução, os machos lutam pelas fêmeas e território agarrando-se um ao outro enquanto estão levantados nas patas posteriores. O perdedor é eventualmente deitado no chão. Estes machos podem vomitar ou defecar enquanto se preparam para a luta. O vencedor mostra a língua à fêmea para receber informação sobre a sua receptividade. As fêmeas são antagonistas e resistem com as suas garras e dentes durante as primeiras fases do cortejo. 

ALIMENTAÇÃO
 
Sua dieta baseia-se em porcos selvagens (javalis), cabras, veados, búfalos, cavalos, macacos, dragões-de-komodo menores e insetos. Também se alimenta de carniça de animais e, com o seu faro, pode localizar uma carcaça de animal a quilômetros de distância, sendo capaz de devorá-la por completo. Ocasionalmente, também podem consumir humanos e cadáveres de humanos, escavando corpos de sepulturas pouco fundas.


Para caçar, o Dragão-de-Komodo fica a espreita esperando que uma presa passe. Ele usa a sua calda para derrubar uma presa grande que, ao cair, é ferida por uma mordida em seu dorso. O animal ferido segue o seu caminho, porém, ele morre depois de algumas horas ou alguns dias, e quando seu corpo entra em estado de putrefação o dragão consegue detectá-lo a até 9 km de distância.

Os biólogos sempre acreditaram que os dragões matavam suas presas infectando-as com bactérias patogênicas. Um novo estudo revelou que a saliva deles transporta diferentes patógenos, mas a maior parte dos microrganismos encontrados são comuns. Ao contrário do que se supunha, os pesquisadores descobriram que os dragões-de-Komodo podem ter, na verdade, o sistema de inoculação de veneno mais complexo já encontrado em répteis, o que não havia sido notado antes, porque os dentes desses animais diferem completamente dos exibidos pela maioria das criaturas peçonhentas.

Os dragões produzem proteínas tóxicas não muito diferentes daquelas produzidas pelos monstros de Gila e por algumas serpentes que provocam queda na pressão sanguínea e diminuem a coagulação das presas. Dutos especiais transportam a peçonha de cinco compartimentos separados para aberturas entre os dentes serrilhados. Depois de o veneno ser introduzido na ferida produzida pela poderosa mordida, as vítimas podem entrar em choque e morrer em consequência de hemorragia.
 
A descoberta do sistema venenoso dos dragões de Komodo levou os pesquisadores a acreditar que seu parente extinto, o Megalania (Varanus priscus), que chegava a pesar até duas toneladas, pode ter sido o maior animal peçonhento da Terra.

CONSERVAÇÃO


Na natureza a área de distribuição do dragão contraiu muito devido as atividades humanas, e eles estão listados como espécie vulnerável pela UICN, porém, eles se encontram protegidos pelas leis da Indonésia, e um parque nacional, o Parque Nacional de Komodo, foi fundado para ajudar nos esforços de proteção.
 
Há aproximadamente de 4 a 5 mil dragões-de-komodo na natureza. As suas populações estão restritas às ilhas de Gili Motang (100 dragões), Gili Dasami (100 dragões), Rinca (1300 dragões), Komodo (1700 dragões) e Flores (talvez 2000 dragões). No entanto, há a preocupação de que só haja atualmente 350 fêmeas reprodutoras na natureza.
 
Apesar da raridade dos ataques, os dragões-de-komodo são conhecidos por matar humanos. Em 4 de Junho de 2007 um dragão atacou um garoto de oito anos na Ilha Komodo. Mais tarde ele morreu de hemorragias resultantes das suas feridas. Foi o primeiro ataque fatal registrado em 33 anos. Os nativos, que sempre reverenciaram o dragão como a encarnação dos seus antepassados, agora com medo de novos ataques costumam matar os dragões por envenenamento, o que pode representar mais um problema à conservação da espécie.

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