Eles
existem sim, e são animais magníficos. O Dragão-de-Komodo, também conhecido
como Crocodilo-da-terra (Varanus komodoensis),é uma espécie de lagarto
pertencente à família de lagartos-monitoresVaranidae, e é a maior
espécie de lagarto conhecida pela ciência, chegando a atingir de 2 a 3 metros
de comprimento e 100 kg. Eles são encontrados na Indonésia, mais
precisamente nas ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang, Gili Dasami e Flores,
sendo chamado pelos nativos de buaya
darat (crocodilo da terra) ou biawak raksasa(monitor
gigante).
EVOLUÇÃO E DESCOBERTA
Os processos evolutivos que deram
origem ao Dragão-de-Komodo começaram há cerca de 40 milhões de anos na Ásia, de
onde eles migraram para a Austrália. Há 15 milhões de anos houve uma segunda
migração, dessa vez para a Indonésia, e após a diminuição no nível dos oceanos
eles ficaram isolados nas ilhas em que vivem hoje, sendo que a diferenciação
dos seus ancestrais australianos ocorreu há cerca de 4 milhões de anos.
Os primeiros exemplares foram descritos primeiramente em 1910, quando rumores de um
"crocodilo terrestre" chegaram ao Tenente Van Hensbroek, da
administração colonial holandesa. Em 1912 foi publicado o primeiro artigo sobre
a espécie, quando Peter Ouwens, diretor do Museu Zoológico em Bogor, Java,
escreveu sobre o tema depois de receber uma foto e uma pele enviada pelo
tenente, juntamente com mais dois espécimes de um colecionador. Em 1926 foi
organizada a primeira expedição para estudar o Dragão-de-Komodo, e em 1969
ocorreu a maior expedição do tipo, organizada pela família Auggenberg, que ficou
na Ilha de Komodo durante 11 meses. Durante esta estadia, Walter Auffenberg e a
sua assistente Putra Sastrawan capturaram e marcaram mais de 50 dragões.
CARACTERÍSTICAS
Bastante robusto, o Dragão-de-Komodo
pode medir até 3 metros de comprimento e pesar até 100 kg. O enorme tamanho se
deve a um processo chamado gigantismo insular, que ocorre quando não há outros
animais carnívoros para preencher o nicho ecológico.
Cada uma das quatro patas do
dragão-de-komodo possui cinco garras, que na idade adulta servem,
principalmente, como armas para caçar. Ele usa a sua língua para detectar
estímulos de sabor e cheiro, tal como em muitos outros répteis, com o sentido
vomeronasal usando o órgão de Jacobson, um sentido que ajuda a navegação no
escuro.
As narinas do dragão não são úteis para
cheirar, pois estes animais não têm diafragma. Apresentam apenas algumas papilas gustativas na
parte de trás da sua garganta. As escamas, algumas reforçadas com osso, têm
placas sensoriais ligadas a nervos que facilitam o sentido do tato. As escamas
à volta das orelhas, lábios, queixo e das solas dos pés podem ter três ou mais
placas sensoriais.
O dragão-de-komodo não possui um
sentido de audição particularmente apurado, apesar do canal auditivo ser bem
visível, e é só capaz de ouvir sons entre os 400 e os 2000 hertz. Ele é capaz de enxergar a até 300 metros, mas
acredita-se que tenham má visão noturna. O dragão é capaz de ver a cores, mas tem pouca discriminação visual de
objetos estacionários.
O dragão-de-komodo prefere lugares
quentes e secos e tipicamente vive em zonas de pastos abertos, savanas e
florestas tropicais em elevações baixas. Sendo um animal ectotérmico, está mais
ativo durante o dia, apesar de exibir alguma atividade noturna.
São capazes de correr rapidamente em
curtos disparos, até 20 km por hora, mergulhar até 4,5 metros e subir em
árvores enquanto jovens usando as suas garras.
Para se abrigar, o Dragão-de-Komodo
cava buracos no solo que podem medir de 1 a 3 metros de largura.Devido ao seu
grande tamanho e hábito de dormir nestas covas, ele é capaz de conservar o
calor corporal durante a noite diminuindo o tempo que precisam estar ao sol
para manter a temperatura corporal no dia seguinte.
REPRODUÇÃO
A época de reprodução começa entre maio
e agosto, e os ovos são postos em setembro. Cerca de vinte ovos são depositados
em ninhos de Megapodiidae abandonados e ficam a incubar durante sete a oito meses, e a eclosão
ocorre em abril, quando há abundância de insetos. Demoram cerca de três a cinco
anos até chegarem à idade de reprodução, e podem viver 50 anos. São capazes de
se reproduzir por partenogênese, no qual ovos viáveis são postos sem serem
fertilizados por machos. Ao nascer, os pequenos dragões têm de 20 a 25 cm.
Durante o período da reprodução, os
machos lutam pelas fêmeas e território agarrando-se um ao outro enquanto estão
levantados nas patas posteriores. O perdedor é eventualmente deitado no chão.
Estes machos podem vomitar ou defecar enquanto se preparam para a luta. O vencedor mostra a língua à fêmea para receber
informação sobre a sua receptividade. As fêmeas são
antagonistas e resistem com as suas garras e dentes durante as primeiras fases
do cortejo.
ALIMENTAÇÃO
Sua dieta baseia-se em porcos selvagens
(javalis), cabras, veados, búfalos, cavalos, macacos, dragões-de-komodo menores
e insetos. Também se alimenta de carniça de animais e, com o seu faro, pode
localizar uma carcaça de animal a quilômetros de distância, sendo capaz de
devorá-la por completo. Ocasionalmente, também podem consumir humanos e
cadáveres de humanos, escavando corpos de sepulturas pouco fundas.
Para caçar, o Dragão-de-Komodo fica a
espreita esperando que uma presa passe. Ele usa a sua calda para derrubar uma
presa grande que, ao cair, é ferida por uma mordida em seu dorso. O animal
ferido segue o seu caminho, porém, ele morre depois de algumas horas ou alguns
dias, e quando seu corpo entra em estado de putrefação o dragão consegue
detectá-lo a até 9 km de distância.
Os biólogos sempre acreditaram que os dragões matavam suas presas
infectando-as com bactérias patogênicas. Um novo estudo revelou que a saliva
deles transporta diferentes patógenos, mas a maior parte dos microrganismos
encontrados são comuns. Ao contrário do que se supunha, os pesquisadores
descobriram que os dragões-de-Komodo podem ter, na verdade, o sistema de
inoculação de veneno mais complexo já encontrado em répteis, o que não havia
sido notado antes, porque os dentes desses animais diferem completamente dos
exibidos pela maioria das criaturas peçonhentas.
Os dragões produzem proteínas tóxicas
não muito diferentes daquelas produzidas pelos monstros de Gila e por algumas
serpentes que provocam queda na pressão sanguínea e diminuem a coagulação das
presas. Dutos especiais transportam a peçonha de cinco compartimentos separados
para aberturas entre os dentes serrilhados. Depois de o veneno ser introduzido
na ferida produzida pela poderosa mordida, as vítimas podem entrar em choque e
morrer em consequência de hemorragia.
A descoberta do sistema venenoso dos
dragões de Komodo levou os pesquisadores a acreditar que seu parente extinto, o Megalania (Varanus priscus), que chegava a pesar
até duas toneladas, pode ter sido o maior animal peçonhento da Terra.
CONSERVAÇÃO
Na natureza a área de distribuição do
dragão contraiu muito devido as atividades humanas, e eles estão listados como
espécie vulnerável pela UICN, porém, eles se encontram protegidos pelas leis da
Indonésia, e um parque nacional, o Parque Nacional de Komodo, foi fundado para
ajudar nos esforços de proteção.
Há aproximadamente de 4 a 5 mil
dragões-de-komodo na natureza. As suas populações estão restritas às ilhas de
Gili Motang (100 dragões), Gili Dasami (100 dragões), Rinca (1300 dragões),
Komodo (1700 dragões) e Flores (talvez 2000 dragões). No entanto, há a
preocupação de que só haja atualmente 350 fêmeas reprodutoras na natureza.
Apesar da raridade dos ataques, os
dragões-de-komodo são conhecidos por matar humanos. Em 4 de Junho de 2007 um
dragão atacou um garoto de oito anos na Ilha Komodo. Mais tarde ele morreu de
hemorragias resultantes das suas feridas. Foi o primeiro ataque fatal
registrado em 33 anos. Os nativos, que
sempre reverenciaram o dragão como a encarnação dos seus antepassados, agora
com medo de novos ataques costumam matar os dragões por envenenamento, o que
pode representar mais um problema à conservação da espécie.
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